28 de janeiro de 2009

A chuva


A noite voltou.
Oiço a chuva a cair, a bater violentamente contra o vidro. Acelero e ignoro o resto, foco-me no meu destino. Páro o carro, desligo as luzes e deixo-me ficar ali. Esqueço tudo, concentro-me apenas no som descompassado da chuva a bater no vidro e na dança violenta das ondas do mar contra as rochas. Sinto-me estupidamente fraca, sem forças. Sei que estou bem mas a mente tem, por vezes, mais poder do que o corpo.

É agora noite cerrada. Abandono o carro. Começo a sentir a chuva no rosto, no corpo . . . Autorizo-a a tentar levar com ela a minhas fraquezas. Apercebo-me do peso da roupa molhada contra o corpo, mas não sinto o seu frio. Deixo a chuvar fluir através do meu corpo, deixo-a levar tudo, deixo-a limpar a alma.

A chuva parou. O vento mantém-se gélido. Consigo vislumbrar algumas estrelas no firmamento. Sorvo as forças que cada lufada desse vento me traz. As forças voltam. A roupa teima em não secar e relembrar o seu peso.

Regresso ao carro. Lanço um tímido olhar às ondas e às estrelas. Sorrio e agradeço.Parto e acelero.

Tudo na Vida acontece por um motivo.

Não existem coincidências.


A chuva voltou!

1 comentário:

Ana disse...

A tua chuva, o meu casulo... porque a vida, como o sonho, "pula e avança como uma bola colorida(...)" eutamotati ;)