15 de agosto de 2009

"Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para dentro de mim pude esquecer-me na visão do seu movimento.
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim. Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo. Nas minhas próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o longínquo que me atraiu, e os aquedutos que se esfumam — quase na distância das minhas paisagens sonhadas, tinham uma doçura de sonho em relação às outras partes de paisagem — uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar."

Bernardo Soares in Livro do Desassossego

14 de agosto de 2009

"E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.

Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar.

Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.

Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar."




Susanna Tamaro in Vai aonde te leva o coração

13 de agosto de 2009

Saudade...saudades...

Tenho tanto para dizer, para te dizer...tanto para mostrar, para te mostrar...fica sempre tanto por dizer.

Saudade...a saudade pode ser tão dissimulada quando deixa a mágoa das recordações felizes, aquelas que ficaram suspensas no passado. Perco-me nos labirintos das memórias, evoco as mais perfeitas lembranças...o teu cheiro, o contorno dos lábios, o riso, a respiração, as conversas...a saudade torna tudo tão perfeito.

Vejo-te no meio da multidão mesmo sabendo que não estás...Coisas banais como uma garrafa de cerveja na estrada fazem-me lembrar de ti, das nossas histórias, das nossas brincadeiras.

Como se apagam as memórias felizes que sabemos que não podemos voltar a ter?

Como esquecemos que fomos felizes?

Como?

Talvez, quando voltares, me possas responder a estas e a tantas outras perguntas...

Está a ser mais difícil do que imaginei...queria tanto sentir o teu abraço!

Volta depressa, traz as memórias felizes e os momentos bons...volta e promete-me que não foi um erro...