13 de janeiro de 2009

A espera

Aeroporto de Lisboa.

A espera.

Um homem que transborda nervosismo.
Passos apressados, para trás, para a frente, pára, olha o relógio, olha para o écran das chegadas, e a rotina repete-se vezes sem conta.
Pára, levanta a cabeça, olha para a porta das chegadas e abre um dos sorrisos mais bonito que eu já vi. A razão do sorriso surge, uma mulher que lhe fixa o olhar, retribui o sorriso e deixa fugir algumas lágrimas daquele olhar terno e doce. Correm na mesma direcção e perdem-se em abraços e beijos eufóricos. O que pareceu uma eternidade não durou, escassos minutos. Afastam-se juntos conversando alegremente.

Um casal idoso.
Abraçados, mãos dadas, olhar ansioso mas triste, choram juntos mas discretamente. Não olham para o relógio, não consultam o écran das chegadas e tão pouco olham para a porta das chegadas, não demonstram nervosismo. Apenas estão, na esperança que o mundo não os veja e tudo não passe de um pesadelo. Das chegadas surge uma rapariga que veste preto e arrasta a bagagem mais pesada de todas, a dor. Aproxima-se do casal idoso. Um leve toque nos ombros e, num segundo, o casal revive a triste verdade que os levou até ali naquele dia. Olham-se, as mãos continuam juntas num gesto de apoio e choram. Ninguém fala, o aeroporto parou, consigo sentir o som silencioso das lágrimas a deslizar pelos seus rostos.

Uma rapariga impaciente.
Com o ar cansado de quem espera à demasiado tempo. Senta-se, tenta ler o livro, levanta-se, vai à rua, volta, consulta o écran das chegadas a cada segundo, "aterrou às 9:29", olha o relógio "9:50", telefona e ninguém atende. Pára em frente à porta das chegadas e estuda os passageiros, tenta descortinar a origem do voo. E quando o desespero ameaça roubar-lhe a lucidez, pára. . . Pára, abre os braços, abraça a família, o seu porto de abrigo e chora sem se preocupar com os olhares à sua volta. Sorve cada abraço, beijo e carinho daquele momento. Uma curta ausência demasiado prolongada. As várias horas de preocupação desaparecem enquanto se afasta feliz, feliz e completa.

Tudo faz sentido agora.

Obrigado pela espera!

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